Homem-Aranha - Sem Volta para Casa
Publicado em 21/12/2021
A Marvel vem aperfeiçoando ao máximo o seu algoritmo de blockbuster. Após dezenas de filmes lançados, a Casa das Ideias aprendeu não só a cultivar a expectativa do público, mas também a satisfazê-la, construindo uma fonte de sucessos comerciais que parece ser inesgotável.
Homem-Aranha: Sem Volta para Casa é um exemplo vivo disso - a obra entrega tudo que os fãs vinham pedindo. Todas as cenas que poderia se imaginar de um encontro de Homens-Aranha estão lá - os heróis se balançando juntos, desabafando sobre o fardo que carregam, discutindo lança-teias, e por aí vai. Esse fanservice é realmente prazeroso de assistir e é o que leva as pessoas para o cinema de fato.
Porém, não acho que o hype sozinho segure um filme - eu penso que essa obra poderia ter se beneficiado de um tratamento diferente, que saísse ao menos um pouco da caixinha da Marvel. Esse arco marca a transição do “Tom Holland” apadrinhado por Tony Stark para o Peter Parker pobre, ferrado e sozinho. É um enredo em que o personagem amarga duras derrotas, tendo potencial para causar um grande impacto no espectador. Porém, as incontáveis piadinhas acabam aliviando essa tensão. Parece que os autores querem contar uma história mais forte, mas não conseguem porque tem que bater alguma meta pré-estabelecida de anedotas por minuto.
Mais uma vez, a Marvel se atém à sua fórmula - com razão, afinal, ela traz bons resultados comerciais e este é um filme que precisa funcionar para todos os públicos, inclusive o infantil. Porém, é inegável que isso também limita as histórias que podem ser contadas - eu gostaria de ver filmes da Marvel que se expandissem além dos limites da mente de Kevin Feige - que aproveitassem a rica propriedade intelectual deixada por Stan Lee para se aventurar por diferentes gêneros, conceitos, enfim. Porém, é certo que enquanto esse time continuar ganhando, ninguém vai mexer nele...